Tudo
o que acontece nas oficinas e palcos do 17º Festival
de Inverno da UFPR. E também o que rola fora
da programação oficial!
Antonina
- sábado-feira 14 de julho de 2007 |
17ª
edição termina comemorando a diversidade
Somente
um festival diversificado como o Festival de Inverno
da UFPR em Antonina pode propiciar diversão para
públicos tão diferentes e até integrá-los.
Os
espetáculos de sexta-feira, 13, são um
bom exemplo dessa interação: apreciadores
de boa música se emocionaram com a apresentação
da Orquestra Filarmônica da Universidade, num
concerto na Igreja Matriz. Logo em seguida, muito batuque
e dança-teatro-artes plásticas invadindo
as ruas da cidade com os brincantes do Bananal. Ao longo
de um verdadeiro arrastão, os participantes das
oficinas e visitantes acompanharam o cortejo de intensa
alegria e energia pelo eixo central da cidade.
Foto:
Ana Cristina Seciuk
O arrastão ainda passava pelas ruas quando, no
palco principal, era a vez da Filarmônica Antoninense,
um show de orquestra. O espetáculo tomou conta
da rua principal com músicas dançantes
executadas com coreografias irreverentes pelos músicos
da banda.
Meia-noite, final de festa? Não mesmo. Era hora
do Grupo de Serestra Canto do Mar, formado por amigos
da música de Antonina que desde 2003 realiza
serestas nas casas antoninenses. Aqueles que passeiam
calmamente pela cidade conseguem reparar várias
placas com nomes de músicas e seus respectivos
autores nas fachadas das casas. São os pontos
em que os seresteiros costumam passar para cantar e
encantar os moradores.
Parece mesmo mágica reunir crianças, adolescentes,
jovens, adultos e idosos num mesmo lugar, vê-los
apreciando performances, músicas, atividades,
espetáculos tão diferentes. Mágica
que acaba neste fim de semana e, nem bem acabou, já
deixa saudade.
Antonina
- sexta-feira 13 de julho de 2007 |
O
Festival por trás dos bastidores
Equipe
que trabalha na infra-estrutura do evento é composta
por 27 servidores, auxiliados por monitores e motoristas.
São pessoas que trabalham nos bastidores do festival
dando suporte para o funcionamento de todas as atividades.
O
Festival de Inverno da UFPR tem feito sucesso em todas
as suas edições pela qualidade de suas
oficinas, espetáculos e shows. Mais: é
exemplo de compromisso social, quando pensa também
em atender as demandas da comunidade local com cursos
voltados para a capacitação dos professores
e da clientela da APAE. Há porém um ingrediente
fundamental para que tudo funcione: uma equipe de técnicos
que trabalha de forma quase que invisível para
montar, desmontar, equipar, orientar, fazer enfim com
que a máquina chamada festival de inverno rode
“redondo”.
É
a equipe administrativa e de infra-estrutura do evento.
São 27 servidores técnicos administrativos
da UFPR que trabalham antes, durante e depois de cada
festival. Alguns começam com o trabalho em Curitiba,
instalam-se em Antonina dois dias antes do início
para deixar tudo pronto para o “abrir de cortinas
e o espetáculo começar”.
Simone Verchai, coordenadora administrativa, dá
um bom exemplo desse trabalho prévio e permanente
ao longo dos oito dias em Antonina. As inscrições
que começam na Pró-reitoria ou via internet
têm sua continuidade na coordenação
local na cidade. Também somente em Antonina são
realizadas as inscrições infantis e é
iniciado o credenciamento de quem se inscreveu e o cadastramento
de todos. Está-se montando um banco de dados
para que no próximo festival os participantes
que retornem já tenham os dados no sistema.
Trabalho feito, começam os cursos. Agora é
a hora de mandar as chamadas para as salas de aula e
em seguida, iniciar a confecção dos certificados
de participação... Ou seja, à Simone
e sua equipe, que conta com outras quatro pessoas, em
todo processo resta tempo apenas para apreciar alguns
dos espetáculos. “Das oficinas mesmo, só
notícias trazidas pelos outros”, explica,
lembrando ainda dos colegas que estão do lado
de fora, cuidando do palco, dos camarins, da portaria
do teatro e da Praça.
E por falar em “outros”, são aqueles
que vêm e vão o tempo todo, incessantemente,
buscar e levar materiais para os locais em que se realizam
as oficinas. Monitores – são dez ao todo
– que auxiliam os funcionários. Some-se
ao grupo ainda os 18 motoristas que atendem a comunidade
participante em Antonina e também transportam
os grupos e artistas que chegam e retornam durante o
evento. À essa equipe, a coordenadora executiva
Lucinha Mion credita o sucesso do Festival. “Sem
eles o evento simplesmente não aconteceria”,
pondera.
Antonina
- quinta-feira 12 de julho de 2007 |
Para
coordenadora, cada festival é único
Aqueles
que estão visitando ou participando das atividades
do festival de inverno da Universidade Federal pela
primeira vez se surpreendem com a grandiosidade do evento,
que ocupa os mais diversos espaços da cidade.
Escolas tornam-se alojamentos; com os hotéis
lotados, as casas viram verdadeiras pousadas; clube
náutico, associações e entidades
cedem seus espaços disponíveis para abrigar
as oficinas. A rua apagada, calminha no dia-a-dia, onde
circulam muitas bicicletas passa a receber milhares
de pessoas durante oito dias ininterruptos.
Mas nem sempre foi assim. Que o diga aquela que é
considerada a verdadeira “mãe” de
todos os festivais de inverno da UFPR: Lucinha Mion,
coordenadora executiva deste evento de 2007, está
à frente dos festivais desde a primeira edição.
É isso mesmo, programadora cultural da PROEC
– Pró-reitoria de Extensão e Cultura,
nesses 17 anos de festival de Antonina ela sempre trabalhou,
seja como coordenadora geral ou executiva, seja nas
atividades – espetáculos, oficinas, infraestrutura,
entre outras.
Do primeiro festival, em 1991, a lembrança mais
forte era o alto grau de expectativa. Tudo daria certo
como se previa? Será que as pessoas viriam, a
comunidade local participaria? “A lembrança
que me vem à cabeça sobre aquele ano é
a da incerteza. Tudo era pela primeira vez, rumo ao
desconhecido, uma insegurança total”, fala
Lucinha. Mas o que ficou marcada mesmo foi a determinação
de que seria o primeiro de muitos.
Apesar de já começar ousado, com a oferta
de 38 oficinas, o primeiro festival teve números
modestos: um palco pequeno acoplado a uma concha acústica,
o transporte precário, feito muitas vezes pelas
próprias pessoas que levavam os materiais a pé,
para as oficinas. Espetáculos? Somente de dia,
porque não havia iluminação. Com
um evento ampliado – 80 oficinas, cidade lotada,
quase duas mil vagas nos cursos, 39 espetáculos
(cinco por dia), uma praça de atividades e lazer
para as crianças, um palco com um show de iluminação,
etc. etc. – o festival atual poderia ser considerado
muito melhor. Mas não na ótica da mãe
Lucinha que, como não tem preferência por
nenhum dos filhos, não consegue escolher qual
o melhor festival. “Cada um foi especial. Cada
um foi único”, pondera. “Cada evento
é como uma gestação mesmo, tem
que fazer nascer, amadurecer e acontecer. A experiência
acumulada ajuda na organização de forma
geral, pois a incerteza deu lugar a muitas certezas,
como a cumplicidade com as instituições
e a comunidade local”, completa.
Antonina
- quarta-feira 11 de julho de 2007 |
Máscaras,
brincantes e música
fazem a “Sambada do Bananal”
“Sair
da normalidade e transitar por um universo insólito,
fantástico, onde tudo é possível”.
Essa viagem é uma das propostas da oficina de
Máscaras Gigantes, explica a ministrante Alessandra
Flores, numa conversa inicial com os participantes.
Assim como as faces que vão nascer da imaginação
de cada um, essa atividade também quebra a rotina
das oficinas no Festival.
A iniciativa integra o projeto “Sambada do Bananal”
que une três oficinas com o mesmo propósito:
resgatar um pouco da nossa brasilidade misturando várias
artes como a confecção de máscaras,
dos sons na M.P.Ba. – Música para Batucar
e da interpretação, um dos instrumentos
da oficina Brincante do Bananal.
Cortejo
O segredo? É a possibilidade dos participantes
das três oficinas visitarem-se, interagindo e
trocando experiências: como um “enredo”
em que os resultados se fundem, complementa Alessandra.
Então, os brincantes confeccionarão saias
rodadas na oficina de máscaras, por exemplo,
conta a ministrante. Um olhar sobre o teatro através
da flexibilidade do brincante – aquele ator que
toca, canta, dança e representa, é o que
propõe a oficina Brincante do Bananal, ministrada
pelos atores e pesquisadores Paula Carneiro, e Leo França.
O trabalho é um resgate da cultura popular do
Recôncavo Baiano e da Zona da Mata Pernambucana,
explicam os atores. Essas manifestações,
criadas de forma livre e pessoal serão somadas
às máscaras e ao maracatu da M.P.Ba integrando,
na sexta-feira, dia 13, nas ruas de Antonina, a “sambada”,
que significa cortejo ou festa, diz Paula. O projeto
é um sonho antigo, lembra Pedro Solak, ministrante
da oficina M.P.Ba – Música para Batucar.
“Há cinco anos participo dos festivais
e tento fazer um trabalho integrado”, esclarece.
E essa integração acontece também
no palco: juntos, os ministrantes compõem o grupo
de teatro “Calça, Camisa e Paletó”,
que nesta segunda-feira, dia 9, encantou as crianças
na rua, em frente ao Palco Principal.
Lá, eram todos brincantes, somando talentos para
contar e viver a história do Severo. “Só
falta Severo”, tema da peça que sugeria
a espera por alguém. Mas o “Severo”
esperado poderia não ter nome nem endereço,
não importa. Ele mora na rua da alegria, no embalo
do ritmo, na música que contagiou, no sorriso
das crianças, pequenas, jovens e adultas que
cantaram, dançaram e brincaram tomando conta
do espetáculo.
Antonina
- segunda-feira 09 de julho de 2007 |
Fotos:
Giovana Ruaro
Festival
valoriza a cultura do litoral
A
17ª edição do Festival de Inverno
da UFPR começou com chave de ouro. Sucesso de
público no show de abertura – a polícia
militar calculou em nove mil pessoas o público
participante - e lotações completas nos
primeiros espetáculos. Assim começou a
17ª edição do Festival de Inverno
da UFPR em Antonina que mais uma vez “invadiu”
a cidade trazendo muita diversão, arte e lazer
para todas as idades, integrando visitantes e moradores.
População local e visitantes são
mais que platéia. Participam ativamente vivenciando
arte, aprendendo novas técnicas musicais, vocais,
artesanais, arte-educacionais. Neste ano somam quase
duas mil vagas nos mais diversos cursos, ministrados
na forma de 81 oficinas de segunda até a próxima
sexta-feira. Os resultados de cada iniciativa serão
conhecidos no sábado, numa grande mostra dos
talentos surgidos.
Para o coordenador geral do evento, Guilherme Romanelli,
o “clima” do festival não poderia
ter começado melhor: um show de abertura com
a banda Denorex 80 e o titã Paulo Miklos que
superou as expectativas; uma abertura enxuta, a integração
com os monitores de Antonina e uma equipe extraordinária.
“Ter uma equipe boa é um privilégio.
É uma equipe que já conhece toda a estrutura
do festival”, salienta ele, ao dizer que sem essa
equipe integrada o festival simplesmente não
aconteceria.
TROCA MÚTUA
O Domingo no Festival mostrou que a cultura do litoral
está mais viva do que nunca. Toda a programação
do dia voltou-se para os grupos de fandango, de boi
de mamão e demais representantes da cultura do
litoral, caiçara. “É um momento
de retomada da força do fandango, tanto das próprias
comunidades que se descobrem possuidoras de um conhecimento
genuíno, da noção de beleza e força
de sua cultura, quanto também das instituições
oficiais, de cultura e de repasse de conhecimento, como
as universidades. Não é coisa de abrir
espaço, porque não é de cima para
baixo. É um encontro de diferentes, de soma das
diferenças, de quebra de barreiras de conhecimento”,
explica o pesquisador Itaércio Rocha, coordenador
das atividades dos grupos.
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