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Diálogos

Apresentação
O projeto Matte Cultural surge com proposta de resgatar no Paraná a história da erva-mate, símbolo do desenvolvimento econômico e que apesar do grande legado é grandemente desconhecida pela maior parte da população.
Trazer o tema para os dias atuais é uma forma de suprir essa lacuna cultural, de maneira contemporânea e cosmopolita, mesclando conhecimento com entretenimento.

Contexto socioeconômico e cultural
O ciclo da erva mate foi de grande relevância para o desenvolvimento socioeconômico do estado do Paraná. A atividade ervateira contribuiu para abrir novos espaços, explorar regiões e segmentos comerciais que transformaram parte do processo de emancipação do estado.
A chegada de imigrantes, via porto de Paranaguá ao final do século XIX, acelerou a produção e o dinamismo na extração e comercialização da erva mate, a medida que trouxe e sedimentou novos hábitos, crenças e costumes.  A cultura do plantio e cultivo da erva mate, somados a miscigenação dos povos contribuíram para formar características peculiares e identitárias da sociedade paranaense.
A partir do extrativismo da erva mate houve o desenvolvimento econômico que expandiu a criação de indústrias, fábricas e comércios, surgindo especulações para o progresso do Paraná. 
A atividade econômica ervateira começou a investir na escolaridade e formação para a comunidade, isso contribuiu para a construção de escolas e até futuramente a criação da universidade do Paraná, no dia 19 de dezembro 1912, a primeira universidade do Brasil. A Universidade Federal do Paraná não foi fundada por ervateiros, mas, o historiador Ruy Wachowicz afirma que foi graças ao dinheiro que a erva-mate trouxe ao estado que a instituição pode ser criada.
Destarte, o ciclo da erva mate estabeleceu novos parâmetros culturais e patrimoniais, por se tratar de uma cadeia produtiva para a economia do estado, fato que gerou a necessidade de dinamizar a educação e a cultura de seu povo atendendo assim, as expectativas das fábricas, mercado e das comunidades. Foi nesse contexto que se fundamentou a criação da Universidade do Mate, assim chamada a construção do “Palácio da Luz”, que antes de ser abrigada na Praça Santos Andrade, foi abrigada na casa do ervateiro Manoel Miró, na Rua Comendador Araújo (atual Shopping Omar).


Foto: Acervo Casa da Memória

O movimento acadêmico fora liderado por Nilo Cairo e Victor Ferreira do Amaral, homens importantes da ciência que tornaram o sonho realidade. Os cursos iniciais foram: Medicina, Engenharia e Direito.


Foto: Rodrigo Juste Duarte

Curitiba estava se expandindo e constantemente passava pelo crivo das grandes cidades brasileiras para ser reconhecida capital do Paraná, estado da erva-mate ostentada em sua bandeira e que há poucas décadas havia sido emancipado.
A erva mate inspirou muitos artistas que contribuíram para a formação da cultura do Paraná e do sul do Brasil. O nosso Chimarrão não se trata apenas de uma bebida comum, mas algo que envolve também o sentimento regionalista das pessoas, pois está ligado a história, aos feitos e ao modo de viver de muitos cidadãos paranaenses, reafirmando o nosso legado cultural.

A Exposição

A exposição “6º sentido” visitará três municípios paranaenses com DNA do mate: São Mateus do Sul, Rio Negro e Antonina, na ocasião do Festival de Inverno da UFPR, em 2021. A exposição contará com fotos, objetos, obras cibernéticas e multimídia, trazendo tecnologia para simbolizar o futuro e representar um novo ciclo do ouro verde.
A cidade litorânea concentrava os primeiros engenhos devido à facilidade de escoamento pelo mar e tem sua história amplamente vinculada aos ervateiros. Além disso, Antonina é sede deste evento realizado há 30 anos pela UFPR, motivo suficiente para atrair o projeto Matte Cultural na edição especial programada para julho de 2021, adiada face a pandemia.

A sede principal do projeto será o Armazém Macedo, antigo depósito de erva-mate recém restaurado pelo IPHAN e que é atrativo turístico dos antoninenses, mas enquanto isso não acontece, apresentamos uma parte da exposição das fotos que podem ser conferidas a seguir:

Tudo começou em uma disputa antiga onde todos os rios do mundo buscavam o casamento com uma planta mágica. Trazer para suas margens a magia e poder era o que todo rio de respeito queria. Dentre tantos concorrentes as divindades da natureza decidiram que o melhor local era nas águas que depois viriam a ser chamadas de Iguaçu, com leito imponente e as quedas que são consideradas maravilhas do mundo moderno. Com suas árvores majestosamente discretas, a erva-mate frutifica na região subtropical da América do Sul, principalmente no curso que corta o Estado do Paraná de leste a Oeste.


Houve outro fato no momento da escolha do habitat da “caa” (como os nativos Guarani se referem ao mate), pois queriam protegê-la e conservá-la, como um irmão mais velho, e os guardiões seriam espécies antiquíssimas, de tamanho elevado e esguio, mas com ar nobre de sua copa em forma de coroa.
A Araucária, ou Pinheiro do Paraná, representa junto com a erva o símbolo estampado no lábaro do Estado.

Dia e noite, noite e dia. A Lua e o Sol alternam a luz e alimentam a natureza, provocando efeitos raros para quem repara. A luz e a sombra compõem cenários e permitem a viagem, quem quiser sintonizar e seguir junto será recompensado com a energia indescritível que algumas paisagens são capazes de emanar.

Muitos homens resolvem embarcar nessa viagem que já dura séculos. Os barcos a vapor desfilavam pelas águas ostentando o ouro verde, mas infelizmente, viu outros homens interromperem o percurso e cancelarem o modal aquático. Os barcos não afundaram, de outra forma, morreram.

O mate aprisiona alguns de seus amantes, mas por pouco tempo. Entre uma secagem e outra alternam a suas caminhadas pelos bosques e ervais, para logo continuar a empreitada dentro do barbaquá, engenho de nome indígena que dá significado a um modelo industrial rudimentar e resgata a história paranaense.

Os ciclos do mate se alternam elipticamente como o esmagador em forma de ouriço, instrumento que circula cancheando o mate em fortes tábuas de imbuia e transforma as folhas da árvore em erva, como a maioria das pessoas conhece.

Alguns homens sopram doces profecias e elas os fazem acreditar que a cada inverno haverá um novo nascimento, e assim sucessivamente.

 

Equipe Técnica

André Zampier – idealizador e coordenador geral
Fábio Chedid – curador de conteúdos
Angela Zampier – coordenadora cultural
Christian Schönhofen – fotógrafo
Jack Holmer – artista cibernético
Ana Cláudia Zampier – engenheira florestal
Vivian Busnardo – museóloga
Hilda Digner – historiadora
José Fernandes – historiador